sexta-feira, 1 de agosto de 2008

As marcas do GIPE, do PPGAC e da ABRACE

As logomarcas do GIPE-CIT, do PPGAC e da ABRACE são fruto do trabalho de muita gente, como Antonio Firmo Queiroz Júnior, Wilson Pérsio Menezes, André Luiz Mustafá e, mais recentemente, João Cappello, além de mim próprio, que as imaginei junto aos colegas mais próximos. Aqui registro alguns dados sobre sua história e o sentido de cada uma delas.

A primeira marca criada foi a do GIPE-CIT, nosso original grupo de pesquisa e extensão, cuja idéia é a de uma espiral ascendente infinita, indo do azul mais escuro, quase negro, ao azul infinito cada vez mais claro do branco futuro presumido, visando a criação de um ilusão ótica de perspectiva, do espaço tridimensional reduzido a apenas duas dimensões, o que consideramos corresponder de fato a sua proposta. O possível negro inicial, de algum modo, remete à idéia da condensação absoluta da matéria em um só ponto que teria explodido num eventual big bang em algum momento do passado. O presumido branco futuro seria a desintegração total da matéria por conta do processo contínuo de expansão e de entropia do universo, sem qualquer conotação valorativa em relação a momentos do tempo e a cores. Assim, a imagem do GIPE-CIT seria um mínimo fractal de uma possível imagem gráfica do universo. A idéia dessa espiral coexistiu por certo tempo com outra idéia de forma, que não chegou a se desenvolver graficamente, apesar de algumas poucas e breves tentativas: tratava-se de uma brincadeira com duas palavras de língua inglesa (tão característica da comunicação na contemporaneidade e tão forte no imaginário e na teatralidade contemporâneas), referindo-se ao movimento agitado nas novas metrópoles, que nelas incorporam o mundo rural, onde seria comum ver-se um jeep (veículo utilitário e algo esportivo em qualquer sítio) circulando pela city. A noção de espiral revelou-se mais eficaz, útil e funcional.

Para o PPGAC, criado em 1997, na UFBA, escolhemos a cor vermelha da paixão e do sangue e a figura mítica da independência da Bahia, o Caboclo, representando seu povo mestiço e ressaltando suas matrizes ameríndias e também africanas. Assim, a imagem do Caboclo, do monumento esculpido na Itália por Carlo Nicole e entronizado da Praça Dois de Julho, mais conhecida como Campo Grande, em Salvador, no final do século XIX, passou também a representar nosso programa de pós-graduação.

Em 1998, quando criamos a ABRACE, pensamos nas pessoas que fazem as artes do espetáculo em sua relação com o público. Por isso escolhemos duas imagens, que, superpostas, formam uma representação gráfica de um abraço: de um ator (ou uma atriz) que agradece a seu público, para quem abaixa a cabeça, e de um dançarino (ou dançarina) em postura de port de bras, que envolve o colega (historicamente, a dança é anterior ao teatro) e que também reverencia o público, para quem se apresenta. Teatro e dança são efetivamente, por excelência, as artes do espetáculo, tão importantes na UFBA, que deu sede e berço aos primeiros cursos de dança e teatro em universidades no Brasil e que deu berço e sede, também, à ABRACE, em seus primeiros quatro anos, até 2002. Além do mais, a forma circular do conjunto gráfico resultante remete ao circo e a todos os folguedos que fazem da roda um formato de agregação e comunicação. A versão atual, em verde e preto, faz alusão, na figura do dançarino (ou da dançarina) à natureza e ao meio ambiente (ainda que o verde possa ser uma cor tabu no teatro de alguns países, como a França, por exemplo) e, na figura do ator (da atriz), ao negro (cor da roupa do cortesão durante o Renascimento europeu, da moda contemporânea do “pretinho básico”, da elegância sobre o palco e, ainda, do Atlântico Negro, berço de tantas artes do espetáculo, como o tango argentino, o candombe uruguaio, o/s samba/s, maxixe, lundu, fofa, chula, forró, congos, tambor de crioula, capoeira, maculelê e maracatu brasileiros, a cúmbia colombiana, o merengue da República Dominicana, o calipso de Trinidad e Tobago, o mambo e a rumba cubanos, o reggae jamaicano, o jazz, o blues, o soul e o rock norteamericanos, o fado português, o flamenco espanhol, o funaná, a coladeira e a morna de Cabo Verde, o semba e o n'golo angolanos, os batuques e fandangos de toda parte, por exemplo).

Todas essas marcas, apesar das referências acima sobre o sentido de suas cores, têm sido aplicadas com variantes de cor e forma, em função dos suportes e de outras circunstâncias eventuais. O que tem permanecido, sempre, e sobretudo, emtermos conceituais, é seu sentido.

Por Armindo Bião

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